"A hipnose à luz da ciência e da prática ? avanços e reflexões"
1. Hipnose e cérebro: evidências da neurociência moderna ?
Pesquisas recentes na Universidade de Zurique demonstraram que a hipnose produz alterações mensuráveis na atividade cerebral e neuroquímica ? com impactos nas redes de atenção, ondas Teta (ligadas relaxamento profundo) e ritmos fisiológicos como respiração e batimentos cardíacos .
Esses estudos multimodais (fMRI, EEG, MRS) revelam níveis de transe distintos (HS1 vs HS2), reforçando que hipnose não é fantasia, mas um estado de consciência real, com profundidade graduável.
Impacto para a prática clínica:
Permite desenhar intervenções mais precisas, adaptadas ao nível de transe desejado.
Favorece protocolos adequados para tratamentos específicos como dor, ansiedade e traumas.
2. Crescimento global e desafios da hipnose clínica
Artigos internacionais destacam como a hipnose emerge em áreas diversas:
Odontologia: reduz dor e estresse em procedimentos odontológicos.
Tratamento de menopausa: comparável à TCC para controlar fogachos .
Saúde mental: melhora sintomas de depressão e ansiedade .
Na Austrália, Dr. Yapko ressalta que, embora eficaz, a hipnose ainda enfrenta resistência por falta de formação formal em muitos cursos de psicologia .
3. Situação no Brasil: prática e necessidades
Levantamento nacional com 103 hipnoterapeutas aponta que 90,3% não consideram "hipnotizabilidade" fundamental para sucesso clínico . As principais aplicações no país são:
Melhora de bem-estar e autoestima
Redução de estresse
Controle de fobias e ansiedade.
Entretanto, há apontamentos sobre lacunas na formação técnica e profissional dos hipnoterapeutas ? mesmo com regulamentação vigente .
Oportunidade:
Investir em capacitação baseada em evidência, integrando jovens profissionais e pesquisas científicas.
4. Hipnose em comportamento financeiro: uma aplicação inovadora
Reportagem do Financial Times acompanhou o caso de "Sunny", ex-gambler que, após hipnose, perdeu o desejo de apostar ? evocando memórias distantes e ausência de gatilhos emocionais.
Estudos prévios indicam:
Hipnose para vícios como jogo pode ser tão eficaz quanto TCC, com 50% de não-recaída em 6 meses.
Técnicas variam: hipnose conversacional, visualizações guiadas, sessões com fones e scripts específicos .
Relevância clínica:
A hipnose se integra a tratamentos para compulsões e vícios, mormente quando combinada com intervenções tradicionais.
5. Reflexões críticas e aplicação responsável
Segundo Dr. Long (LSE), hipnose deve ser vista como ferramenta ? não panaceia ? e exigente em respeito a contexto social, estrutura ética e comunicação sensível.
No debate brasileiro sobre saúde mental, líderes defendem abordagens holísticas que considerem fatores sociais, ambientais e comportamentais. A hipnose pode ser esse elo entre mente, corpo e ambiente, com cuidados rigorosos.
6. Conclusões orientadas à prática do Instituto Brasileiro de Hipnose
Instrumento validado pela neurociência: os estudos recentes oferecem respaldo cerebral para a hipnose como prática profunda e diferenciada.
Formação baseada em evidências: investir em capacitação (foco na profundidade de transe, protocolos clínicos e supervisão).
Integração multidisciplinar: articular hipnose com TCC, técnicas corporais e abordagens holísticas no tratamento.
Novas frentes de aplicação: avaliar e divulgar casos bem-sucedidos, como em comportamento financeiro e saúde odontológica.
Ética e acesso: valorizar pacientes com vulnerabilidades e atuar em comunidades carentes, promovendo equidade.
7. Chamado à ação
Para profissionais: atualizem-se por meio de jornadas neurocientíficas e cursos certificados, visando embasamento técnico e ético.
Para instituições: fomentem pesquisas brasileiras que explorem eficácia, rastreabilidade e melhores práticas em hipnose.
Para o público: promovam clareza nas diferenças entre hipnose clínica e entretenimento ? e divulguem narrativas positivas.
Encerro convidando você, leitor, a:
Refletir sobre como a hipnose atua em sua prática antecipada de transe;
Compartilhar suas experiências ou dúvidas sobre aplicação em ansiedade, desempenho ou mudança de comportamento;
Explorar novas fronteiras, pois a hipnose moderna está mais embasada e plural do que nunca.